Cultura e Território
A imensa diversidade sociocultural do Brasil é acompanhada de uma extraordinária diversidade fundiária.
As múltiplas sociedades indígenas, cada uma delas com formas próprias de inter-relacionamento com seus respectivos ambientes geográficos, formam um dos núcleos mais importantes dessa diversidade, enquanto as centenas de remanescentes das comunidades dos quilombos, espalhadas por todo o território nacional, formam outro.
Ainda há as distintas formas fundiárias mantidas pelas comunidades de açorianos, babaçueiros, caboclos, caiçaras, caipiras, campeiros, jangadeiros, pantaneiros, pescadores artesanais, praieiros, sertanejos e varjeiros.
Esse grande leque de grupos humanos costuma ser agrupado sob diversas categorias — “populações”, “comunidades”, “povos”, “sociedades”, “culturas” — cada uma das quais tende a ser acompanhada por um dos seguintes adjetivos: “tradicionais”, “autóctones”, “nativos”, “rurais”, “locais”, "residentes”.
Qualquer dessas combinações é problemática em razão da abrangência e da diversidade de grupos que engloba.
De uma perspectiva etnográfica, por exemplo, as diferenças entre as sociedades indígenas, os quilombos, os caboclos, os caiçaras e outros grupos ditos tradicionais — além da heterogeneidade interna de cada uma dessas categorias — são tão grandes que não parece viável tratá-los na mesma classificação.
A renovação da teoria de territorialidade na antropologia reconhece essa diversidade sociocultural e tem como ponto de partida uma abordagem que considera a conduta territorial como parte integral de todos os grupos humanos.
Defino a territorialidade como o esforço coletivo de um grupo social para ocupar, usar, controlar e se identificar com uma parcela específica de seu ambiente biofísico, convertendo-a assim em seu “território”.
O fato de que um território surge diretamente das condutas de territorialidade de um grupo social implica que qualquer território é um produto histórico de processos sociais e políticos.
Para analisar o território de qualquer grupo, portanto, precisa-se de uma abordagem histórica que trate do contexto específico em que surgiu e dos contextos em que foi defendido e/ou reafirmado.
Outro aspecto fundamental da territorialidade humana é que ela tem uma multiplicidade de expressões, o que produz um leque muito amplo de tipos de territórios, cada um com suas particularidades socioculturais.
Assim, a análise antropológica da territorialidade também precisa de abordagens etnográficas para entender as formas específicas dessa diversidade de territórios.
No intuito de entender a relação particular que um grupo social mantém com seu respectivo território, utilizo o conceito de "cosmografia", definido como os saberes ambientais, ideologias e identidades — coletivamente criados e historicamente situados — que um grupo social utiliza para estabelecer e manter seu território.
A cosmografia de um grupo inclui seu regime de propriedade, os vínculos afetivos que mantém com seu território específico, a história da sua ocupação guardada na memória coletiva, o uso social que dá ao território e as formas de defesa dele.
LITTLE, Paul Elliot. Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade. In: Anuário Antropológico 2002-2003. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004.
Enem 2017a - 55
a) etnia e miscigenação racial.
b) sociedade e igualdade jurídica.
c) espaço e manifestação cultural.
d) progresso e educação ambiental.
e) bem-estar e crescimento econômico.
c) espaço e manifestação cultural.
Enem 2020b - 72
a) ideia de natureza intocada.
b) lógica de mercado internacional.
c) respeito ao saber local comunitário.
d) retorno às práticas agrícolas arcaicas.
e) desenvolvimento de cultivos orgânicos.
c) respeito ao saber local comunitário.
Enem 2017b - 73
a) ampliação da população indígena na região.
b) função da justiça na organização da sociedade.
c) mobilização da sociedade civil pela causa indígena.
d) diminuição do preconceito contra os índios no Brasil.
e) pressão de organismos internacionais em defesa dos índios brasileiros.
b) função da justiça na organização da sociedade.