Segregação Socioespacial
As formas pelas quais a segregação social se increve no espaço das cidades variam historicamente.
No começo do século, São Paulo, por exemplo, era uma cidade extremamente concentrada e os diferentes grupos sociais viviam próximos uns dos outros, embora em arranjos residenciais radicalmente distintos: os ricos em casas espaçosas, os pobres amontoados nos cortiços.
Da década de 40 à de 80, a divisão entre centro e periferia organizou o espaço da cidade. Durante a vigência desse padrão, grandes distâncias separavam diferentes grupos sociais: as classes média e alta ocupavam os bairros centrais e bem equipados em termos de infraestrutura urbana, enquanto os pobres habitavam a precária periferia.
Nos últimos anos, no entanto, uma combinação de processos — alguns semelhantes aos que estão afetando outras cidades — transformou profundamente o padrão de distribuição de grupos sociais e atividades econômicas no espaço da cidade.
São Paulo continua a ser altamente segregada, mas a maneira pela qual as desigualdades se inscrevem no espaço urbano mudou de modo considerável.
As distâncias físicas entre ricos e pobres diminuíram, ao mesmo tempo que os vários mecanismos para separá-los tornaram-se mais óbvios e complexos.
As características dos enclaves que viabilizam suas intenções segregacionistas podem ser resumidas em quatro pontos.
Primeiro, eles usam dois instrumentos para explicitamente criar separação: barreiras físicas, como grades e muros, e grandes espaços vazios que criam distância e desencorajam a aproximação de pedestres.
Segundo, como se muros e distâncias não fossem suficientes, a separação é garantida por sistemas privados de segurança: controle e vigilância são condições para a homogeneidade social interna e o isolamento.
Terceiro, os enclaves são universos privados voltados para dentro; seu desenho e organização excluem gestos em direção à rua.
Quarto, pretendem ser mundos independentes que proscrevem a vida exterior, avaliada em termos negativos. Em outras palavras, a relação que estabelecem com o resto da cidade e sua vida pública é de evitação; dão-lhes as costas.
São Paulo é hoje uma cidade de muros. Ergueram-se barreiras por toda parte — em volta das casas, prédios de apartamentos, parques, praças, complexos de escritórios e escolas.
Edifícios e casas que comumente se ligavam às ruas por jardins hoje estão separados por altos muros e grades e têm equipamentos eletrônicos de vigilância e guardas privados armados.
Essas barreiras já estão totalmente integradas aos novos projetos de casas, apartamentos, áreas de comércio e de trabalho.
Uma nova estética de segurança modela todos os tipos de construção, impõe sua lógica de vigilância e distância como forma de status e muda o caráter da vida e das interações públicas.
Ademais, esses enclaves fortificados representam uma alternativa exclusiva para a vida urbana das classes médias e altas, de modo que são codificados como algo que confere status social.
A construção de símbolos de status é um processo que elabora distâncias sociais e cria meios para a afirmação de diferenças e desigualdades sociais.
Uma maneira de verificar isso é analisar anúncios imobiliários. A publicidade de imóveis ao expressar os estilos de vida das classes média e alta revela os elementos que constituem os padrões de diferenciação social em vigência na sociedade.
Os anúncios não só comunicam um código de distinção social, mas também tratam explicitamente a separação, o isolamento e a segurança como questões de status. Em outras palavras, eles repetidamente expressam a segregação social como um valor.
RIO CALDEIRA, Teresa Pires do. Enclaves fortificados: a nova segregação urbana. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 47, p. 155-76, 1997.
Enem 2020b - 85
a) expansão vertical.
b) metropolização tardia.
c) conurbação planejada.
d) emancipação territorial.
e) segregação socioespacial.
e) segregação socioespacial.
Enem 2016a - 15
a) qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.
b) implantação de centros comerciais em eixos rodoviários.
c) proibição de construções residenciais em regiões íngremes.
d) disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos.
e) desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas.
a) qualificação de serviços públicos em bairros periféricos.
Enem 2018b - 90
a) expansão horizontal da área local.
b) expulsão velada da população pobre.
c) alocação imprópria de recursos públicos.
d) privatização indevida do território urbano.
e) remoção forçada de residências irregulares.
b) expulsão velada da população pobre.