Racialismo Antirracista
Nos dias atuais a efetiva persistência da expressão "raça humana" vem percebendo dois vetores principais.
Por um lado, o termo raça persiste fundamentado na continuidade de ideologias racistas em suas diversas formas de manifestação mais ou menos ostensivas, intolerantes e agressivas.
Essas formas mentais atribuem a indivíduos de determinadas aparências físicas e/ou aportes culturais correspondentes certas características, estigmatizadas ou valoradas, em termos: mentais, intelectuais, psicológicas, religiosas, estéticas e físicas; incluindo todo o legado ancestral dessas coletividades.
Em distintas realidades nacionais, derivado de determinantes históricos específicos, o olhar racista percorre uma maior ou menor tolerância e seletividade para com os tipos intermediários, ora valorizando os de tez mais clara, ora sabendo reconhecer e discriminar, por minuciosos critérios de aparência e origem, cada vestígio de ascendência não europeia.
Por outra via, a atual persistência do termo raça igualmente decorre da perspectiva assumida por movimentos sociais de defesa dos contingentes historicamente discriminados.
Desse modo, tal ponto de vista entende que o resgate do termo raça, aqui visto em sua estrita variante social e cultural, corresponde a um modo de constituição de padrões de solidariedade entre os afetados pelo problema, assim favorecendo sua ação coletiva em defesa da integridade física, legal e/ou territorial; pela adoção de medidas de promoção da qualidade de vida desses contingentes; de resgate positivo da trajetória histórica e cultural de seus ancestrais e; em prol de mudanças de padrões estéticos e simbólicos tradicionalmente atribuídos a essas determinadas características físicas.
Em suma, quando os movimentos sociais antirracistas resgatam o termo raça, trata-se da recriação de uma perspectiva de pensamento sim racializada, porém visando a promoção do seu contrário, isto é, o combate ao racismo e suas consequências deletérias.
Dito de outro modo, se é bem verdade que toda forma de pensamento racista possui uma fundamentação racializada, não necessariamente uma forma de pensamento racializada precisa necessariamente ser racista.
Pelo contrário, o racialismo antirracista reconhece que a realidade das raças é antes social, política e cultural, geradora de dinâmicas sociais correspondentes que produzem iniquidades de acordo aos portadores das distintas aparências ou marcas raciais.
Supor que o mero abandono do termo raça por parte dos que sofrem o drama do racismo poderá ser uma causa eficiente para superação do problema padece de uma lacuna fundamental: esquecer que a persistência do termo é fruto, primeiro, das estratégias de contingentes beneficiados com o atual quadro de assimetrias, sendo seu interesse que esse quadro perdure indefinidamente.
Assim, a linha racialista antirracista resgata um termo originalmente utilizado pelos colonizadores europeus, raça, e o recria no sentido mesmo da busca da superação da própria terminologia, que somente poderá deixar de existir quando do estabelecimento de uma efetiva igualação das condições de vida dos distintos contingentes no interior das sociedades onde o problema ocorre.
PAIXÃO, Marcelo; CARVANO, Luiz Marcelo. Censo e demografia: a variável cor ou raça no interior dos sistemas censitários brasileiros. PINHO, Osmundo Araújo; SANSONE, Livio (org.). Raça: novas perspectivas antropológicas. Salvador: Associação Brasileira de Antropologia, EDUFBA, 2008.
Enem 2014a - 42
a) práticas de valorização identitária.
b) medidas de compensação econômica.
c) dispositivos de liberdade de expressão.
d) instrumentos de modernização jurídica.
e) estratégias de qualificação profissional.
a) práticas de valorização identitária.
Enem 2017b - 65
a) reforma do Código Penal.
b) elevação da renda mínima.
c) adoção de ações afirmativas.
d) revisão da legislação eleitoral.
e) censura aos meios de comunicação.
c) adoção de ações afirmativas.
Enem 2017b - 48
a) valorização de traços culturais.
b) utilização de resistência violenta.
c) fortalecimento da organização partidária.
d) aceitação de estruturas de submissão social.
e) enfraquecimento dos vínculos comunitários.
a) valorização de traços culturais.