Pobreza
A abordagem dominante de identificação da pobreza especifica uma "linha de pobreza" divisória, definida como o nível de renda abaixo do qual as pessoas são diagnosticadas como pobres.
Esta medida convencional, ainda largamente empregada, parte da contagem do número de pessoas abaixo da linha de pobreza — a assim chamada "incidência" — e define o índice de pobreza como a proporção do total da população identificada como pobre.
O exercício de agregação feito por intermédio de uma simples incidência não dá atenção ao fato de que as pessoas podem estar um pouco abaixo da linha, ou muito abaixo, e que também a distribuição de renda entre os pobres pode ou não ser ela mesma muito desigual.
Uma "linha de pobreza" que ignora completamente as características individuais e as condições socioculturais não consegue fazer justiça às nossas verdadeiras preocupações sobre o básico na pobreza, a insuficiência de capacidade devida a meios econômicos inadequados.
Esta questão está relacionada com o fato de que o interesse primário na análise da pobreza diz respeito à capacidade para realizar “funcionamentos”, e não aos “funcionamentos” realizados.
Os "funcionamentos" podem variar desde coisas elementares como estar nutrido adequadamente, estar em boa saúde, livre de doenças que podem ser evitadas e da morte prematura, etc., até realizações mais complexas, tais como ser feliz e tomar parte na vida da comunidade.
O exemplo da pessoa que, tendo meios, jejua porque assim escolhe, como oposto ao da que tem de passar fome, devido a falta de meios, é relevante aqui.
Ambas podem terminar passando fome e deixar de estar adequadamente nutridas, mas a pessoa sem os meios — e, portanto, sem a capacidade de estar adequadamente nutrida — é pobre de um modo que a pessoa que jejua não o é.
Desta forma, o foco de atenção da análise da pobreza tem de ser a capacidade, como oposta à realização, mesmo que algumas vezes possamos usar a informação sobre a realização para procurar conjecturar a capacidade desfrutada por uma pessoa.
Por exemplo, um idoso, num contexto social desfavorável, tem muito mais dificuldade para levar uma vida saudável, trabalhar, ter mobilidade, tomar parte na vida da comunidade, do que um jovem, com a mesma renda, num contexto social mais favorável.
Uma análise da pobreza que se concentra somente nas rendas pode ficar bem longe da principal motivação por trás de nosso interesse pela pobreza: a limitação das vidas que algumas pessoas são forçadas a viver.
SEN, Amartya [1992]. Desigualdade reexaminada. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Enem 2015b - 34
a) vinculado a mudanças na paisagem.
b) priorizado para resolver as desigualdades.
c) garantido de forma equitativa aos cidadãos.
d) relacionado a uma ação redentora na vida social.
e) dissociado de revoluções na realidade socioespacial.
e) dissociado de revoluções na realidade socioespacial.
Enem 2019a - 66
a) padrão de distribuição de renda.
b) escala de produtividade regional.
c) crescimento da população mundial.
d) custo de escoamento dos produtos.
e) dificuldade de armazenamento de grãos.
a) padrão de distribuição de renda.
Enem 2018a - 68
a) afirmação das origens ancestrais.
b) fragilização das redes de sociabilidade.
c) padronização das políticas educacionais.
d) fragmentação das propriedades agrícolas.
e) globalização das tecnologias de comunicação.
b) fragilização das redes de sociabilidade.