Patriarcado e Desigualdade de Gênero
O patriarcado não designa o poder do pai, mas o poder dos homens, ou do masculino, enquanto categoria social.
É uma forma de organização na qual as relações sociais são regidas por dois princípios básicos: as mulheres estão hierarquicamente subordinadas aos homens e as crianças e jovens estão hierarquicamente subordinadas aos homens mais velhos.
A supremacia masculina ditada pelos valores do patriarcado atribui um maior valor às atividades consideradas masculinas, naturaliza o controle da sexualidade, dos corpos e da autonomia femininas, e estabelece papéis sexuais e sociais nos quais o masculino tem prerrogativas e vantagens.
Embora o patriarcado seja anterior ao advento do capitalismo, estes dois sistemas aparecem articulados na modernidade — duas formas de produzir e de reproduzir a vida a partir de relações de dominação e de expropriação, em especial dos corpos e da autonomia das mulheres.
Se o papel prescrito aos homens na família patriarcal burguesa relaciona-se ao sustento econômico, o papel prescrito às mulheres é o de que sejam cuidadoras do lar. Essa prescrição parece ter atravessado os séculos, materializando-se na crença de que a mãe deveria dedicar-se integralmente aos filhos.
A consequente culpabilização da mãe ao afastar-se da prescrição patriarcal contou, desde o século XIX, com a regulação da medicina higienista, cujo discurso pseudocientífico atribuía ao trabalho feminino fora do lar a causa da degradação da família.
Apesar das evidências empíricas de níveis de bem-estar elevados entre mulheres que possuem um trabalho remunerado, crenças equivocadas que envolviam as consequências negativas das atividades remuneradas das mulheres para sua saúde e bem-estar psicológico, atualizaram a teoria de que estas deveriam permanecer em seus papéis tradicionais de mãe e esposa.
Na atualidade, a mídia também reforça estas informações, gerando culpa para as mulheres que não se limitam à esfera doméstica e aos papéis patriarcais normativos de esposa e mãe dedicadas.
A prescrição patriarcal é regulada por falácias e por discursos que postulam a maternidade como experiência fundamental ao sentimento de completude das mulheres.
A impossibilidade de cumprir adequadamente com o papel materno normativo é vivenciada como incapacidade e sentimentos de culpa e vergonha, o que denuncia as armadilhas do refluxo psicologizante, armadilha segundo a qual as mulheres atribuem a si a total responsabilidade pela sua condição de sofrimento.
Ao depositarem individualmente na figura da mulher-mãe-trabalhadora a culpa por sua condição de pobreza e abandono, discursos pseudocientíficos e religiosos isentam os homens, o Estado e a comunidade de sua responsabilidade social.
Sabemos que não reside exclusivamente nos fatores econômicos a possibilidade de emancipação feminina. No entanto, sem a proteção do Estado de bem-estar social — que, no Brasil, sequer de fato existe —, as mulheres permanecem "despossuídas" de direitos e à mercê das desigualdades, o que tem sido visto no crescente fenômeno da "feminização" da pobreza.
As diversas formas de discriminação e de violência contra as mulheres também são manifestação de relações de poder historicamente desiguais. Tais violações ocorrem tanto nas relações familiares e privadas, quanto na esfera pública, nas relações de trabalho e, inclusive, na própria legislação.
Nesse sentido, a proposição de políticas públicas transversais, afirmativas e sensíveis à opressão de gênero pode contribuir à garantia de direitos e ao empoderamento das mulheres.
NARVAZ, Martha Giudice; KOLLER, Sílvia Helena. Famílias e patriarcado: da prescrição normativa à subversão criativa. Psicologia & Sociedade, Recife, v. 18, n. 1, p. 49-55, 2006.
Enem 2014b - 01
a) ingestão excessiva de álcool pelos homens.
b) violência doméstica contra a mulher relacionada à pobreza.
c) relações de gênero socialmente construídas ao longo da história.
d) formas de ameaça doméstica que se restringem à violência física.
e) mudanças decorrentes da entrada da mulher no mercado de trabalho.
c) relações de gênero socialmente construídas ao longo da história.
Enem 2020a- 74
a) estagnação de direitos adquiridos e do anacronismo da legislação vigente.
b) manutenção do status quo gerencial e dos padrões de socialização familiar.
c) disputas na composição sindical e da presença na esfera político-partidária.
d) desestruturação da herança patriarcal e das mudanças do perfil ocupacional.
e) exigências de aperfeiçoamento profissional e de habilidades na competência diretiva.
b) manutenção do status quo gerencial e dos padrões de socialização familiar.
Enem 2017a - 64
a) leis de combate à violência doméstica.
b) apoio financeiro às lideranças femininas.
c) cotas de gênero nas candidaturas partidárias.
d) propagandas de incentivo ao voto consciente.
e) programas de mobilização política nas escolas.
c) cotas de gênero nas candidaturas partidárias.