Deficiência e Opressão Social
Se o entendimento da deficiência como uma construção social é relativamente novo dentro das ciências sociais, conceitualizar a deficiência como uma forma de opressão social é ainda mais recente.
Historicamente a deficiência foi reduzida às "falhas", "lesões" e "incapacidades" do corpo, permanecendo individualizada, medicalizada e despolitizada.
De acordo com o modelo médico ou individual de deficiência, centrado nas ideias de “anormalidade”, as barreiras e limitações vivenciadas pelas pessoas com deficiência são o resultado direto das reais ou atribuídas diferenças de capacidade do corpo.
As pessoas com deficiência são, desta forma, lidas como seres inativos, dependentes e passivos, cuja única solução passa pela sua adaptação ao meio “deficientizador” que as rodeia, isto é, a um meio que não considera as suas necessidades e que desta forma cria barreiras à sua participação na sociedade.
Tal adaptação torna-se apenas possível através de uma intervenção médica e/ou reabilitacional capaz de produzir “cura” ou “ajustamento” físico.
A reabilitação é assim exaltada como o "instrumento de transformação dos corpos e mentes deficientes", no sentido da sua "normalização e superação de limitações corporais".
A implementação deste modelo teve consequências gigantescas. Em primeiro lugar, ao encarar a deficiência como um problema médico, este modelo pressupunha unicamente a existência de uma solução médica correspondente.
Em segundo lugar, ao definir as necessidades reais ou atribuídas das pessoas com deficiência, encarando-as como “especiais”, este modelo atribuiu a definição, controle e gestão dessas necessidades a uma nova categoria de especialistas e profissionais da "área da deficiência", que acabou por enredar as pessoas com deficiência em relações assimétricas de poder com estes novos profissionais.
Em terceiro lugar, a medicalização da deficiência, ao mantê-la estritamente na esfera individual, minou qualquer tentativa de politização desta questão.
A emergência do modelo social da deficiência foi responsável por consideráveis mudanças nas vidas das pessoas com deficiência, bem como pelo desenvolvimento de um novo campo de estudos e pesquisas.
A característica essencial deste novo modelo consiste na separação entre “deficiência” e “diferença”, referindo-se a primeira ao fenômeno socialmente construído de exclusão e opressão das pessoas com deficiência por parte da sociedade e, a segunda, aos aspectos individuais, biológicos e corporais.
Mediante tal entendimento, o modelo social conseguiu recentrar na sociedade — em valores, instituições, ideologias — a sua responsabilidade pela contínua exclusão das pessoas com deficiência.
O novo modelo conseguiu ainda transformar a deficiência numa questão social e política, mais do que um problema médico e individual. A deficiência não é, desta forma, criada pela diferença, mas sim pela sociedade que "deficientiza".
A experiência das pessoas com deficiência deve ser entendida como a relação entre as condições sociais e as diferenças individuais, enquanto características psíquicas e biológicas socializadas.
FONTES, Fernando. Pessoas com deficiência e políticas sociais em Portugal: da caridade à cidadania social. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 86, 2009.
Enem 2012b - 21
a) inclusão social.
b) igualdade jurídica.
c) participação política.
d) distribuição de renda.
e) liberdade de expressão.
a) inclusão social.
Enem 2015b - 43
a) exercício da cidadania e políticas de transferência de renda.
b) modernização das leis e ampliação do mercado de trabalho.
c) universalização de direitos e reconhecimento das diferenças.
d) participação política e formação profissional diferenciada.
e) crescimento econômico e flexibilização dos processos seletivos.
c) universalização de direitos e reconhecimento das diferenças.
Enem 2019b - 83
a) ocupação de áreas periféricas.
b) alargamento da malha de rodovias.
c) democratização do espaço público.
d) expansão de sistemas de comunicação.
e) monitoramento de fluxos populacionais.
c) democratização do espaço público.