Poder Mundial e Globalização
O que hoje se denomina “globalização” é, obviamente, uma questão múltipla e sobre a qual há um grande debate e uma vasta e crescente literatura.
É provável que a ideia mais difundida que circula associada a esse termo seja a de uma integração econômica, política e cultural contínua e crescente do mundo.
Na prática, isso implica que há fenômenos e processos que afetam a todo o mundo de maneira imediata, inclusive simultânea, isto é, global. E se atribui à “revolução científico-tecnológica” nos meios e sistemas de comunicação e de transporte a qualidade de ser a principal determinante histórica desse possível processo.
Originalmente, a “globalidade” foi referida a uma mudança drástica nas relações entre o espaço e o tempo na subjetividade, como consequência da velocidade da circulação de informações produzida pelos novos recursos científico-tecnológicos, de tal maneira que se podia perceber simultaneamente o que ocorria em qualquer lugar do mundo.
Em nossa subjetividade, em nossas relações intersubjetivas, o mundo não só havia se apequenado, mas também isso ocorria porque o mundo havia se integrado no tempo, era simultâneo.
A famosa imagem de “aldeia global” foi, sem dúvida, a construção mental inicial exitosa que dava conta dessa nova relação subjetiva com o espaço e com o tempo.
Mesmo que, para muita gente, talvez, essas sejam ainda as imagens mais associadas com a ideia de “globalização”, é preciso admitir que vão sendo submersas sob outras mais recentes, que para muitos já parecem ter toda a consistência de genuínas categorias conceituais: a “realidade virtual”, a “sociedade virtual” e a “nova economia” ou “economia virtual”.
A primeira tem implicações decisivas no debate sobre a produção do conhecimento. Põe em relevo, sobretudo, que com a tecnologia atual já não se reproduz apenas, se combina ou se usa imagens e sons já presentes na “natureza” ou na “realidade”, mas se produz, manipula e difunde novos elementos visuais e sonoros, novas imagens produzidas com tais novos elementos que em seu conjunto já constituem um mundo “virtual” e que de muitos modos se superpõem e ainda deslocam e substituem o mundo “real” a ponto de que em numerosas e diversas áreas não é tarefa fácil distinguir entre ambos, com tudo que isso significaria para a questão da percepção, do conhecimento e do modo de produzir conhecimento.
A “sociedade virtual” é uma ideia que prolonga essa imagem e propõe que as relações sociais ocorrem, cada vez mais, precisamente dentro de e tramadas com aquela “realidade virtual” e de algum modo tem essa consistência.
A “nova economia” é a mais recente, mediática em sua origem como todas as demais, remete à ideia de que a economia do mundo atual se converteu, ou está em curso de sê-lo, em uma rede única de intercâmbio de mercadorias e de valor. Essa seria a expressão emblemática da integração global da economia mundial e certamente se apoia em e se trama com aquelas “realidade virtual” e “sociedade virtual”.
Na linguagem mediática o termo “globalização” passou a ser virtualmente sinônimo de um vasto e sistêmico maquinário impessoal, que existe e se desenvolve de modo independente das decisões humanas, quer dizer, de um certo modo natural e, nesse sentido, inevitável, e que abarcaria e explicaria todas as atuais ações humanas.
Mas o “mundo” — se com esse termo se implica a existência social humana articulada em uma específica totalidade histórica —, seja ou não “globalizado”, não se poderia entender por fora do contexto de que é um padrão de poder específico, o que lhe outorga seu caráter de “mundo” ou de totalidade histórica específica, sem o qual qualquer ideia de “globalização” simplesmente não faria sentido.
O atual padrão de poder mundial consiste na articulação entre:
1. a colonialidade do poder, isto é, a ideia de “raça” como fundamento do padrão universal de classificação social básica e de exclusão, segregação e dominação social;
2. o capitalismo, como padrão universal de exploração social;
3. o Estado como forma central universal de controle da autoridade coletiva e o moderno Estado-nação como sua variante hegemônica;
4. o eurocentrismo como forma hegemônica de controle da subjetividade/intersubjetividade, em particular no modo de produzir conhecimento.
O que agora se chama “globalização” é, sem dúvida, um momento do processo de desenvolvimento histórico de tal padrão de poder, talvez o de sua culminação e de sua transição.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Novos Rumos, Marília, v. 37, n. 17, 2002.
Enem 2011b - 07
a) ao aumento nos níveis de desemprego entre os mais jovens.
b) à maior disponibilidade de tempo para atividades relacionadas ao lazer.
c) à diminuição na interação social entre os indivíduos mais informatizados.
d) ao baixo fluxo de conhecimento acessível pelos meios convencionais de comunicação.
e) à velocidade com que as informações são produzidas e compartilhadas em todo o mundo.
e) à velocidade com que as informações são produzidas e compartilhadas em todo o mundo.
Enem 2012b - 17
a) difusão de práticas mercantilistas.
b) propagação dos meios de comunicação.
c) ampliação dos protecionismos alfandegários.
d) manutenção do papel controlador dos Estados.
e) conservação das partilhas imperialistas europeias.
b) propagação dos meios de comunicação.
Enem 2018a - 69
a) liberação da circulação de pessoas.
b) preponderância dos limites naturais.
c) supressão dos obstáculos aduaneiros.
d) desvalorização da noção de nacionalismo.
e) seletividade dos mecanismos segregadores.
e) seletividade dos mecanismos segregadores.