Sociedade de Controle
Num artigo intitulado "Post-Scriptum sobre as Sociedades de Controle", o filósofo francês Gilles Deleuze indicava alguns aspectos que poderiam distinguir uma sociedade disciplinar de uma sociedade de controle.
As sociedades disciplinares podem ser situadas num período que vai do século XVIII até a Segunda Grande Guerra, sendo que os anos da segunda metade do século XX estariam marcados por seu declínio e pela respectiva ascensão da sociedade de controle.
Seguindo as análises do filósofo francês Michel Foucault, Deleuze percebe no enclausuramento a operação fundamental da sociedade disciplinar, com sua repartição do espaço em meios fechados — escolas, hospitais, fábricas, asilos, prisões etc. —, e sua ordenação do tempo de trabalho.
Ele chamou esses processos de moldagem, pois um mesmo molde fixo e definido poderia ser aplicado às mais diversas formas sociais.
Já a sociedade de controle seria marcada pela interpenetração dos espaços, por sua suposta ausência de limites definidos — a rede — e pela instauração de um tempo contínuo no qual os indivíduos nunca conseguiriam terminar coisa nenhuma, pois estariam sempre enredados numa espécie de formação permanente, de dívida impagável, prisioneiros em campo aberto.
O que haveria aqui, segundo Deleuze, seria uma espécie de modulação constante e universal que atravessaria e regularia as malhas do tecido social.
Nas sociedades predominantemente disciplinares, por sua vez, teríamos uma organização vertical e hierárquica das informações. Neste caso, o problema do acesso à informação, por exemplo, confunde-se com a posição do indivíduo numa hierarquia, seja ela de função, posto, antiguidade, etc.
Além disso, as informações parecem adequar-se à estratégia de compartimentalização que configura o dispositivo disciplinar. Dessa forma, cada instituição detém seu quinhão de informação, como algo que pertence ao seu próprio espaço físico.
Há uma associação profunda entre o local, o espaço físico e o sentido de propriedade dos bens imateriais.
Com o advento da sociedade de controle, que é predominantemente reticular, interconectada, há uma mudança de natureza do próprio poder, que não é mais hierárquico, e sim disperso numa rede planetária, difuso.
O poder hoje seria cada vez mais ilocalizável, porque disseminado entre os nós das redes. Sua ação não seria mais vertical, como anteriormente, mas horizontal e impessoal.
Numa sociedade inteiramente axiomatizada, as instâncias de poder estão dissolvidas por entre os indivíduos, o poder não tem mais uma cara. Sua ação agora não se restringe apenas à contenção das massas, à construção de muros dividindo cidades, à retenção financeira para conter o consumo.
Hoje, o importante parece ser essa atividade de modulação constante dos mais diversos fluxos sociais, seja de controle do fluxo financeiro internacional, seja de reativação constante do consumo para regular os fluxos do desejo ou, não esqueçamos, da expansão ilimitada dos fluxos de comunicação.
Por outro lado, da mesma forma que o terrorismo é uma consequência do terror imposto pelo Estado, a ação não localizada dos hackers, produzindo disfunções e rupturas nas redes, parece ser o efeito que corresponde adequadamente aos novos modos de atuação do poder.
Nenhuma forma de poder parece ser tão sofisticada quanto aquela que regula os elementos imateriais de uma sociedade: informação, conhecimento, comunicação.
Na sociedade de controle, estaríamos passando das estratégias de interceptação de mensagens ao rastreamento de padrões de comportamento.
COSTA, Rogério da. Sociedade de controle. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 161-167, 2004.
Enem 2020di - 62
a) autonomia nas ações individuais.
b) sanções no ordenamento jurídico.
c) padrões na sociedade de consumo.
d) inovações nos sistemas educacionais.
e) legitimidade nas redes de informação.
a) autonomia nas ações individuais.
Enem 2012a - 23
a) o aumento da longevidade, resultando no crescimento populacional.
b) a culpabilização individual, associando obesidade à fraqueza de caráter.
c) a democratização do padrão de beleza, tornando-o acessível pelo esforço individual.
d) a ampliação dos tratamentos médicos alternativos, reduzindo os gastos com remédios.
e) o controle do consumo, impulsionando uma crise econômica na indústria de alimentos.
b) a culpabilização individual, associando obesidade à fraqueza de caráter.
Enem 2015b - 03
a) declínio dos salários pagos aos empregados mais idosos.
b) crescimento da contratação de mão de obra pouco qualificada.
c) privilégio de funcionários familiarizados com equipamentos eletrônicos.
d) aumento da fragmentação da produção com a racionalização do trabalho.
e) prolongamento da jornada de trabalho com a intensificação da exploração.
e) prolongamento da jornada de trabalho com a intensificação da exploração.